Quanto custou a campanha de cada vereador eleito em Curitiba
Uns precisaram de muitos dinheiro para se optar, outros, de quase zero. Há, ainda, os que gastaram muito dinheiro mas não conseguiram uma cadeira na Câmara Municipal de Curitiba. Encerrado o prazo para a prestação de contas dos candidatos que disputaram as eleições de 15 de novembro, a coluna analisou a arrecadação e gastos dos 38 vereadores eleitos de Curitiba e verificou que teve vereador que precisou quase R$ 500 milénio para conseguir os votos necessários para a eleição, enquanto teve, também, vereador que se elegeu gastando só R$ 5,7 milénio.
Em média, uma candidatura muito sucedida à Câmara de Curitiba
custou R$ 100 milénio, mas só 11 dos 38 vereadores eleitos tiveram uma campanha
de seis dígitos. É que os gastos das cinco candidaturas mais caras puxou para
cima essa média.
O limite de gastos estabelecido pela legislação eleitoral para as eleições proporcionais em Curitiba era de R$ 530,5 milénio. Unicamente um candidato a vereador arrecado mais que meio milhão de reais para sua campanha: Alexandre Leprevost, do Solidariedade. Sem utilizar recursos do partido, ele levantou R$ 517 milénio em doações de pessoas físicas para sua campanha. Foi dele, também, a campanha mais rosto, com gastos de R$ 485 milénio. Despesas postais e com gráficas foram os maiores investimentos da campanha.
“O primeiro ponto para deixar simples é que nós declaramos 100% da campanha, conforme toda a regra e, ao mesmo tempo, eu fico muito feliz por ser o candidato que mais arrecadou, tivemos uma campanha muito muito aceita, muitas pessoas acreditaram na nossa proposta e que podemos fazer um procuração propositivo na proposta”, declarou Leprevost.
“Não sou da política, estou indo para meu primeiro procuração, venho da iniciativa privada e, por isso, muitos empresários acreditaram na minha candidatura”, acrescentou, citando que sua campanha montou um departamento financeiro possante para recrutar doações.
Entre os doadores para a campanha de Alexandre Leprevost estão muitos funcionários comissionados da Secretaria de Estado da Justiça e Família, comandada por seu irmão, Ney Leprevost. Alguns fizeram doação em dinheiro, outros, em tempo de serviço, com valores financeiros estimados pelas horas de trabalho registrados na prestação de contas do candidato. “São pessoas do nosso grupo político, que acreditavam no nosso trabalho, nas nossas ideias e doaram um pouco de seu tempo para viabilizar nossa candidatura”, comentou.
A segunda campanha mais rosto foi a de Flávia Francischini (PSL). Com uma generosa imposto do partido (mais de R$ 364 milénio, dos fundos partidário e eleitoral) a esposa do deputado estadual Fernando Francischini gastou R$ 477 milénio em sua campanha, sendo R$ 111,9 milénio em despesas contratadas por sua candidatura e R$ 323,8 milénio em despesas pagas pelo PSL. A candidata ainda bancou, com recursos partidários, a confecção de materiais da candidata a vice-prefeita de Fernando Francischini, Letícia Chun Pei Pan, num gasto de R$ 39 milénio. O gasto com sensação e distribuição de jornal de campanha também foi a maior despesa da vereadora eleita.
A sensação de material foi uma das estratégias abandonadas
por quem gastou pouco nesta eleição. Vereador eleito com a campanha mais
barata, Márcio Barros (PSD) gastou R$ 5,7 milénio para sua eleição. “Minha campanha
foi exclusivamente nas redes sociais. Quando perdi a eleição passada, já
comecei a mobilizar minha rede social. Tenho sete perfis, uma página, mais
Instagram. Fiz live todos os dias, participo de grupos de discussão. Minha
campanha estava toda lá. Meus gastos foi com dois assessores e um mínimo
necessário de material de campanha”, conta. “Eu estudei bastante redes sociais
no período e desenvolvi algumas estratégias que foram fundamentais, tanto que
sequer precisei impulsionar conteúdos, foi tudo orgânico”, acrescentou.
A segunda campanha mais barata foi do vereador reeleito
Herivelto Oliveira (Cidadania), que gastou R$ 10,8 milénio. “Os políticos,
principalmente os mais antigos, não têm intimidade com a tecnologia com rede
social, com impulsionamento do campanha, ou por desconhecer ou por não
confiar, e fazem campanha no modo vetusto. E o modo vetusto é muito mais custoso.
Tem quem manda jornal na casa de todo mundo, eu prefiro fazer post. Com a
vantagem que o post tem feedback”, avaliou. “Minha campanha foi de
impulsionamento no facebook, murado de R$ 2,5 milénio. Focamos em dois vídeos
específicos, um de propostas e um de apresentação. Passamos de 140 milénio pessoas
de alcance. Esse foi meu gasto essencial. Fizemos um libelo – 10 milénio unidades e
cartões de visitante. Com pouco recurso, a gente faz o controle da campanha, faz o
número adequado de panfletos, de adesivos, planeja quanto atingir com
impulsionamento. Eu sei tudo o que foi feito na minha campanha. Duvido que quem
gastou mais de R$ 100 milénio saiba”, concluiu.
Numerário não garante resultado
Com vereadores se elegendo com campanhas baratas, apostando na internet e diminuindo os gastos com material de campanha, muito candidato que investiu pesado na eleição acabou ficando fora da Câmara Municipal. Ao menos sete candidatos gastaram mais que a média de R$ 100 milénio dos vereadores eleitos e não conseguiram uma cadeira na Câmara: Cassiano Caron (PSL), com gasto de R$ 384 milénio; Rafaela Lupion (DEM), R$ 186 milénio; Monroe Olsen (Novo), R$ 116 milénio; Francisco Rebento (PMN), R$ 116 milénio; Ana Júlia (PT), R$ 115 milénio; Ailton Araújo (PSL), R$ 109 milénio; e Reginaldo Ananias (PMB), R$ 100 milénio.