Pedro Carcereri lança o curta “Trabalho é campo de guerra”

Pedro Carcereri lança o curta “Trabalho é campo de guerra”

Pedro Carcereri lança o curta “Trabalho é campo de guerra”

Pedro Carcereri lanca o curta Trabalho e campo de guerra
O motoboy Ramon é a “pessoa do dedo” no curta-metragem de Pedro Carcereri (Foto: Daniel RDZR/Divulgação)

O mercado de trabalho tem anterior por um processo de precarização em que o lado mais fraco _ o do trabalhador, simples _ se encontra numa situação em que a dupla jornada, a perda de direitos ou de esteio lícito, a “uberização”, a falácia do empreendedorismo e a subserviência do “é melhor do que zero” têm sucateado as formas de trabalho convencionais. É sobre essa veras sombria, talvez distópica, que trata o curta-metragem “Trabalho é campo de guerra”, produção da Old Man Artes dirigida por Pedro Carcereri com pedestal da Lei Aldir Blanc de Minas Gerais. A produção fez sua estreia no Exexex _ Festival de Vídeo Experimental, da Galeria Airez, em Curitiba (PR), e pode ser observado on-line no site do evento (exexex.art.br). A produção também vai fazer porção, pelos próximos dois anos, da grade de programação da Rede Minas.

A produção foi rodada entre fevereiro e março deste ano em Juiz de Fora e Goianá e acompanha um dia na vida de cinco pessoas: o vigia Marcos Vinicius, o motoboy Ramon, a dona de casa Maria Aparecida, a agricultora Priscila e o ambulante Luemerson. Adotando um formato híbrido entre documentário e videoarte, Carcereri faz uma sátira ao sucateamento do trabalho em forma de ficção científica, uma vez que se o curta fosse um manual futurista de uma vez que o trabalho se comporta no corpo das pessoas, em que os indivíduos se encontram divididos em um grupo de castas de conciliação com o ofício que exercem: são as “pessoas digitais” (o motoboy), “pessoas tempo” (o vigia), “pessoas casa” (a dona de casa), “pessoas máquina” (a agricultora) e as “pessoas livres” (o ambulante).

Pedro Carcereri conta que a concepção do curta-metragem é fruto, inicialmente, da interseção entre suas pesquisas acadêmicas e artísticas, junto ao choque da veras que vivemos quando o tópico é mercado de trabalho. “Uma das questões que me despertaram o interesse foi a ‘uberização’ do trabalho, o vinda dos aplicativos que fazem a propaganda do trabalho sem patrão e a falsa venda de que você é quem faz o seu horário de trabalho, sendo que a pessoa só trabalha mais”, diz o cineasta, que começou a pensar no projeto em 2019 e tem fundamentado sua atividade nas questões de trabalho, lazer e memória, tanto na pesquisa acadêmica quanto na arte.

“Meu próximo filme deve ser sobre o lazer, seguindo nesse formato hibrido de documentário e videoarte. A proposta do ‘Trabalho é campo de guerra’ era mostrar um dia de trabalho deles, a rotina, e agora pretendo mostrar a porção do tempo livre das pessoas, que muitas vezes é rejeitado a elas ou demonizado.”

 

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O ambulante Luemerson foi o escolhido uma vez que o representante das “pessoas livres” no curta de Pedro Carcereri (Foto: Daniel RDZR/Divulgação)

Trabalho com não-atores

Sobre a escolha pelo formato híbrido de documentário e videoarte com toques de ficção científica, Pedro diz que tem muito a ver com a proposta do filme. “Quando pensei no projeto imaginei essa ficção científica futurista usando as imagens de hoje para erigir esse oração distópico. Às vezes vivemos em situações tão absurdas que vejo a ficção científica já aí, com os aplicativos mandando nas pessoas, e que já estamos vivendo uma distopia”, filosofa. “O contra-senso já está aí, só precisamos configurá-lo. Eu sempre trabalho nessas interseções entre a veras e ficção, o que é contra-senso e generalidade, a normalização do contra-senso, essa ‘uberização’ do trabalho que é absurda, mas é vista uma vez que normal”, analisa.

O teor continua em seguida o declaração

O curta-metragem tem uma vez que protagonistas não-atores em seu cotidiano. Pedro Carcereri explica que começou a trabalhar com atores não profissionais em “Maria Cascata”, lançado por meio da Lei Murilo Mendes em 2017, e gostou da experiência a ponto de repeti-las em produções posteriores uma vez que o documentário “Último toque”.

Para a produção, o diretor relata que a única personagem que conhecia era Maria Aparecida. “Eu gravei uma coisa anteriormente com a Cida e me encantei por ela, pela sua religiosidade. Ela mesma diz que sua profissão é dona de casa. Quase todos os outros foram por meio de pesquisas com a minha produtora, a Mariana Martins, sendo que o Ramon foi por meio de uma pesquisa pela internet, em que perguntamos se determinado motoboy tinha interesse em participar.”

Já o caso de Luemerson, a “pessoa livre”, foi dissemelhante. “Estávamos detrás de um ambulante, e ao marchar pela cidade com a (assistente de produção) Esther Assis vimos o Luemerson. Ele topou na hora e foi uma grande surpresa. Foi interessante porque no dia da gravação com ele choveu, e pudemos ver as dificuldades enfrentadas por ele com as intempéries”, relembra, acrescentando a merecimento das leis de incentivo que permitiram que o elenco e equipe técnica pudessem ser remunerados.

Pedro Carcereri também destacou a reação dos não-atores à possibilidade de ter suas vidas levadas para a tela. “Todos estavam curiosos e muito abertos a participar, colaborar e dialogar sendo personagens daquela narrativa, independentemente de estarem satisfeitos ou não com o trabalho, pois sabemos que 90% dos brasileiros trabalham muito e ganham pouco”, pontua. “São pessoas que sabem que estão trabalhando de forma digna, e procuramos mostrar essa honra em nossa abordagem.”

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O Vigia Marcos Vinicius interpreta a “pessoa tempo” de “Trabalho é campo de guerra” (Foto: Daniel RDZR/Divulgação)

O trabalho uma vez que ele é

Na visão de Carcereri, as gravações foram uma experiência impactante por mostrarem, entre outras questões, uma vez que muitos dos personagens do curta estavam sendo prejudicados pelo atual contexto do mercado de trabalho, principalmente em tempos pandêmicos. “Muitos deles estavam cumprindo horários mais extensos de trabalho, menor disponibilidade de ônibus, e notei que nenhum deles teve o privilégio de poder parar de trabalhar, o que era pedido a todos no início da pandemia. Eles tiveram é que trabalhar mais”, observa.

“A pandemia acelerou e normalizou essa precarização, cristalizou a concepção de que ‘pelos menos vocês estão trabalhando’. A pessoa está feliz por ter ocupação, mas puta porque trabalha demais. Falta conscientização de classe para o trabalhador brasílico, que ainda enfrenta o propenso do Ministério do Trabalho, as mudanças nas leis trabalhistas, a falta de informação. Evidente que há diferenças, a militante do MST tem uma veras dissemelhante da enfrentada pelo motoboy, que está sozinho na selva de pedra do trabalho. Quanto mais você está sozinho, mais fica prejudicado.”

O sentimento de se aproximar da veras de um país com quase 15 milhões de desempregados _ sem olvidar dos milhões de desamparados _ é de tristeza, diz ele. “Encaro minha arte uma vez que trabalho, assim uma vez que a do marceneiro, do salgada que corta cana, e estou sendo prejudicado, mas muito menos que eles. O grande problema é a falta de perspectiva de mudança a pequeno e médio prazo, o que traz um pouco de conformismo a essas pessoas. Hoje eu faço filmes, mas muitas vezes na minha vida tive subempregos uma vez que garçom, entre outros, e estar mais próximo de perspectivas diferentes da minha acaba por moldar novas formas de ver o mundo”, diz. “Fico muito emocionado pela oportunidade de ter feito esse filme, que é um processo muito difícil. Eu me sinto privilegiado por poder recontar essas histórias e por estar perto deles. É para isso que servem os documentários; se não puder ajudar a mudar o mundo a ser um lugar um pouco melhor, nem precisaria ser feito.”

Inspirado: Post Completo

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