Escolas particulares traçam plano para retomada de aulas em Curitiba
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Antes mesmo de qualquer sinalização do governo para um retorno às aulas presenciais, escolas particulares de Curitiba já têm um plano estruturado para receber alunos, quando o combate à disseminação do coronavírus permitir. A reabertura das instituições na Europa após cerca de dois meses de suspensão – mas com um cenário diferente de transmissão da Covid-19 – também indica possíveis caminhos a serem seguidos. Na segunda-feira, uma reunião de ministros de Educação da União Europeia indicou que não houve impacto significativo de casos entre estudantes, profissionais da área e familiares.
As escolas particulares estão fechadas desde 20 de março, por um decreto do governo do Paraná. As instituições adotaram o ensino a distância, com aulas virtuais ou sugestão de atividades para os pais realizarem com os mais novos. No começo de maio, o Sindicato das Escolas Particulares do Paraná protocolou no governo estadual e em diversas prefeituras um plano estratégico para retomada das atividades presenciais.
A intenção é atender inicialmente famílias que não conseguem ficar com as crianças em casa, por estarem trabalhando fora. O documento foi feito a partir de um planejamento nacional da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), lançado em 30 de abril. Um grupo de escolas de educação infantil de Curitiba também defende a reabertura gradual, para atender quem precisa de auxílio – já que muitas famílias estão recorrendo à ajuda de avós, contratando babá, ou ainda pedindo ajuda na vizinhança, situações que levam à suspensão de contratos e colocando em risco a situação financeira das escolas.
Veja, a seguir, como algumas escolas de Curitiba estão se
preparando.
Bosque dos Mananciais
Segundo o diretor corporativo da Escola Bosque dos Mananciais, Fábio Rodrigues, em paralelo ao ensino remoto ofertado aos alunos do Infantil I até o Terceirão, a diretoria está coordenando obras e adequações nas instalações físicas para recepcionar os alunos com segurança no retorno às aulas, sendo ele gradativo ou não. “Entre essas adequações estão: maior espaçamento entre as cadeiras das salas de aula – como as turmas são pequenas será possível manter um distanciamento seguro entre cada aluno sem que seja necessária a mudança das salas em que eles estão acostumados a terem aulas; reorganização do plano pedagógico para priorizar atividades ao ar livre e que respeitem o distanciamento mínimo – aproveitando a ampla área externa que o terreno de 37 mil metros quadrados oferece; treinamento on-line com professores e toda a equipe de apoio sobre as formas de prevenção e contágio da Covid-19 e como garantir a segurança dos alunos; maior espaçamento para os funcionários em seus locais de trabalho, entre outras”, informou em nota.
A escola informou ainda que já providenciou a compra de
máscaras e luvas para toda a equipe, assim como procedimento de higienização de
calçados. Também estão previstas medidas para acolhimento e revisão dos
conteúdos repassados de forma remota. “O Colégio do Bosque Mananciais está se
preparando com afinco para os dois cenários – manter o isolamento ou retorno
gradual – e segue firme na sua missão de apoiar as famílias neste momento
delicado e entende que o mais importante agora é manter a saúde e a segurança dos
alunos, das suas famílias e de toda a equipe pedagógica”, acrescentou.
Colégio Positivo
O diretor-geral do Colégio Positivo, Celso Hartmann, disse que a instituição viu com bons olhos o plano estratégico de retomada de atividades do segmento educacional privado divulgado pela Fenep. “O protocolo aborda muitos pontos já mapeados e adotados pelas 14 unidades distribuídas em seis cidades do Paraná e Santa Catarina, que aguardam as orientações das autoridades públicas competentes para a retomadas das atividades presenciais. Quando isso acontecer, será fundamental a parceria da escola com a família e alunos, para que tudo ocorra de forma segura e responsável”, afirmou em nota enviada pela assessoria de imprensa.
Santo Anjo
O colégio Santo Anjo destacou o processo de aprendizagem
remoto para os alunos do berçário ao ensino médio, mas também indicou que já
está preparando as unidades para um eventual retorno às aulas, mesmo sem data
definida. “Já estamos preparando todas as soluções para que, quando o retorno
aconteça, nossos alunos tenham um ambiente de acordo com todas as normas de
saúde propostas pela Fenep e também por entidades de saúde pública. No momento,
nossa principal preocupação é seguir oferecendo a qualidade em educação, sem
colocar em risco a saúde dos nossos alunos, suas famílias e nossos
profissionais”, relatou a escola, por meio da assessoria de imprensa.
Grupo Marista
O Grupo Marista informou que, quando autorizado pelos órgãos
nacionais, estaduais e municipais de educação e saúde, vai usar o protocolo de
segurança produzido pela unidade Total Care, que faz o atendimento de seus estudantes
da educação básica. O documento orienta formas de prevenção ao contágio da Covid-19
considerando a segurança, saúde, bem-estar e os direitos humanos de estudantes
e colaboradores das escolas, bem como de seus familiares e de toda a sociedade,
informou o colégio.
“As diretrizes são baseadas nas recomendações de órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde e Fundo das Nações Unidas para a Infância (United Nations Children’s Fund), agência que se dedica especificamente às crianças. A equipe de Total Care está atenta às recomendações dos órgãos oficiais para atualizar o protocolo sempre que for necessário”, diz a nota enviada à Gazeta do Povo.
Bom Jesus
O Colégio Bom Jesus informou que tem um plano estruturado de
prevenção à Covid-19 para o retorno das aulas presenciais, mesmo sem uma data
definida pelas autoridades públicas. As ações, organizadas pelo Departamento de
Saúde Escolar, incluem a identificação de alunos e funcionários com fatores de
risco para a Covid-19 para que sejam devidamente orientados, com opção de
continuidade do acompanhamento de aulas ou trabalho remoto em ambiente digital
e domiciliar.
No ambiente escolar, está previsto o uso de máscaras de
tecido e ações de distanciamento físico. “O colégio também está finalizando a
adaptação do espaço da rotina escolar com as seguintes ações: maior
disponibilidade de álcool em gel em todos os ambientes de circulação e
convivência; manutenção de ambientes ventilados; higienização das salas de aula
a cada troca de turno; aquisição de novos termômetros infravermelhos (para
medição de temperatura sem contato com a pele); aquisição de oxímetros (equipamento
para verificação da taxa de oxigenação do organismo); maior disponibilidade de
equipamentos de proteção individual para os profissionais de enfermagem do
Departamento de Saúde Escolar; uso de anteparo acrílico para o atendimento ao
público; orientação aos alunos para evitar o compartilhamento de objetos
utilizados nos estudos, como teclados ou notebooks, entre outras medidas”, diz
nota enviada pela assessoria de imprensa do colégio.
Outros países
Na Europa, alguns países fizeram o fechamento das escolas ainda antes disso, no começo de março. No fim de abril, a União Europeia já desenhava os planos de reabertura, mas em um cenário bem diferente do que há no Brasil: lá o número de casos cresceu de forma vertiginosa, com adoção de isolamento tardiamente.
Na França, por exemplo, as escolas foram fechadas em 16 de março, quando o país já tinha 6.683 casos, conforme dados compilados pela Universidade John Hopkins. Em 20 de março, quando muitos estabelecimentos foram fechados no Brasil, havia o registro de 793 casos – os números não refletem exatamente a condição epidemiológica de cada país, pois cada um tem um protocolo próprio de testagem.
Em 12 de maio, alunos com menos de 11 anos retornaram às escolas na França, quando o número de infectados totalizava 178,3 mil. Os registros continuaram subindo e estavam em 180 mil na segunda-feira (18). Houve inclusive 70 casos diagnosticados entre alunos, levando ao fechamento de alguns estabelecimentos para quarentena. O ministro da Educação da França, Jean-Michel Blanquer, disse que isso foi inevitável diante do retorno de 40 mil crianças às escolas, mas que a infecção ocorreu fora da escola. Ele defendeu a reabertura dentro do contexto do fim do lockdown, e reiterou que nem todas as crianças estão retornando ao mesmo tempo. “Haverá danos terríveis se perdermos uma geração de crianças que foram impedidas de ir à escola por vários meses”, disse, segundo o jornal The Guardian.
Segundo a conferência de ministros da Educação da União Europeia (UE) na segunda-feira, foram 22 países que fizeram a reabertura das escolas, sem maiores impactos para os sistemas de saúde. A ministra da Educação da Croácia, Blaženka Divjak, que é a atual presidente do Conselho da UE, ressaltou que os resultados positivos precisam ser vistos com cautela, e refletem medidas de segurança e prevenção tomadas no ambiente escolar.
Fonte: Post Completo